Friday, April 28, 2006

Mário Quintana.

Os degraus

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

Thursday, April 27, 2006

Ó Benjamim !

Dêem o grito de guerra em Bete-Áven; esteja na vanguarda, ó Benjamim ! (Os. 5.8)

Só pode ser a graça de Deus! Colocar a tribo de Benjamim na vanguarda, na dianteira da tropa, é algo fantástico! É uma manifestação inequívoca da capacidade perdoadora de Deus. Pois nos arquivos históricos de Israel havia o registro de uma tragédia ocorrida na época pré-monárquica que causou a morte de 40 mil israelitas e 25 mil benjamitas, tudo por culpa da tribo de Bejamim (Jz 20.1-48). O núcleo dessa guerra civil foi o crime sexual cometido em Gibeá, quando uma mulher que estava de passagem foi violentada por vários homens numa só noite até morrer (Jz 19.22-30).
Só a misericórdia divina explica por que o Senhor ordena: “Esteja na vanguarda, ó Benjamim”. Só a misericórdia divina coloca o nome de Tamar, Raabe e Bate-Seba na genealogia de Jesus (Mt 1.3-6). Só a misericórdia divina pode dizer três vezes a Pedro depois da tríplice negação: “Cuide dos meus cordeiros” (Jo 21.15-18).
Tenho e terei plena consciência de que as misericórdias do Senhor são inesgotáveis!

Retirado de Refeições Diárias com os Profetas Menores (Editora Ultimato, 2004).

Monday, April 24, 2006

Off topic.

Só pra não esquecer:
O Kiko hoje na pregação, citando o Pr. Aloísio, disse que, na passagem da mulher adúltera, quando Jesus escrevia, ele não escrevia na terra, ou areia... Pela tradução do original, ele escrevia na "poeira" do templo...
Detalhes: Ele estava dentro do templo (que estava empoeirado); as pedras que iriam atirar em Maria foram trazidas de "fora" do templo, visto que este já não estava mais em construção...
É pra se pensar...

Sunday, April 23, 2006

O bom travesti.

(Rubem Alves)

E perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:

Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste. A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.

Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas: "Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.

Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho: "Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração. Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.

Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse: "Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada. Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram. Mas agora sua dívida está paga. Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.

O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom. Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos. E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.

Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes. Eles o olhavam com ódio. Jesus os olhou com amor e lhes perguntou: "Quem foi o próximo do homem ferido?"

Te conhecer.

(desconheço o autor)

Tudo o que eu quero está em ti
Toda a minha vida eu te entrego,
Pois não há outro além de ti.
Tudo o que eu possa conquistar
Não se compara à tua presença,
Nem ao prazer de te adorar.

Dias vem, dias vão
E em meu coração,
Só aumenta ao desejo de te encontrar.
Agradecido eu sou
Pelo que já recebi,
Mas não estou satisfeito,
Eu quero mais...

Te conhecer,
E prosseguir em te conhecer
Este é o alvo da minha vida, Senhor.
Te conhecer,
E prosseguir em te conhecer
É tudo o que eu quero pra minha vida, Senhor.


Eu quero te ver
Como nunca te vi.
Tocar-te e sentir
Tuas mãos me tocar.
Podes fazer em mim
O que tens que fazer,
Quero ser...
Segundo o teu coração !

... É tudo o que eu quero pra minha vida, Senhor
Tu és o alvo da minha vida Senhor...

Saturday, April 22, 2006

Espera.

E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. (I Pedro 5:10)

(Per)feito pra mim.









(Mário Quintana)

Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém. Assim, sem precisar procurar no meio da multidão.
Alguém comum, sem destaques evidentes, sem cavalos brancos ou dentes perfeitos.
Alguém que soubesse se aproximar sem ser invasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante.
Alguém com quem eu pudesse conversar sobre filosofia, literatura, música, política ou simplesmente sobre o meu dia.
Alguém a quem eu não precisasse impressionar com discursos inteligentes ou com demonstrações de segurança e autoconfiança.
Alguém que me enxergasse sem idealizações e que me achasse atraente ao acordar, de camisa amassada e sem maquiagem.
Alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse boas gargalhadas.
Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras. Eu queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto dos primeiros dias. Alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse.
Alguém com quem eu pudesse aprender e ensinar sem vergonhas ou prepotências.
Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse. Que me dissesse como eu canto e que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada.
Alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidada. Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-lo feliz para com isso tentar isentar-se de culpa quando fracassasse.
Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo.
Alguém com qualidades e defeitos suportáveis. Que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção.
Alguém educado, mas sem muitas frescuras. Engraçado e, ao mesmo tempo, levasse a vida a sério, mas não excessivamente.
Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito. “Feito para mim.”

Dona Lei e Dona Graça.

(Carlos Clay)

Contam que certo dia, dona Lei e dona Graça se encontraram pelo caminho. Dona Lei, sempre conduzida pelo seu cão de guarda, um pitbull, cujo nome era “tormento”. Já dona Graça tinha pavor por manter animais presos. Preferia vê-los soltos, pulando e livres de qualquer coleira ou qualquer controle senão de seu próprio amor pelo dono, no caso, ela mesma.

Foi então que dona Lei viu de longe a Graça e resolveu tirar satisfações, haja vista que dona Graça não havia mais lhe mandado ninguém para dona Lei “santificar”. Então dona Lei disse:
- Dona Graça, estou cabreira com você.
- Ora, e por quê? (responde dona Graça)
- Como assim por quê? (rebate dona Lei indignada) Eu servi de condutora das pessoas até você pra você servir de condutora até mim, ou seja, eu levo elas para serem salvas por você mas depois você as leva a mim para poder santificá-las.
- Mas dona lei, pensava eu que, ao salvá-las juntamente eram justificadas, regeneradas e santificadas. Não foi isso que disse Paulo?
- Não! - responde dona lei, onde já se viu tamanho disparate. Sem controle e severidade as pessoas não podem ser salvas.
- Mas dona lei, sendo assim, qual minha utilidade? Se não é de Graça, então por que a Graça?
- Sei lá, só sei que é assim e pronto. Onde já se viu achar que sem mim pode-se chegar a Deus. Você é apenas um “facilitador” mas eu é que santifico. Quanto mais cumprirem a lei, mais serão santos.
- Perai dona lei, que tal tomarmos alguma coisa e conversarmos melhor sobre isso?
- Tudo bem, responde dona lei, mas já vou te avisando que não bebo bebida alcoólica e não me assento em bares como esses pecadores na roda dos escarnecedores.
- Tudo bem. Podemos ir então ?
- Ok, responde dona lei.

Já na lanchonete, dona Lei diz a dona Graça: - O negócio é o seguinte, temos que ser mais rígidos. O povo precisa ser disciplinado com mais regras, mandamentos e doutrinas. Precisamos colocar fardos pesados sobre eles para poderem “valorizar” você dona Graça.
Dona Graça responde: - Mas querida, isso é religião. Tentar se auto-justificar não é a saída. Essa auto-justificação levará as pessoas a profundas dês-Graças e fará delas bonecos nas mãos de pastores inescrupulosos. Não há nada mais saudável do que a obediência em amor.
- Amor?! - indaga incrédula dona lei, que mané amor coisa nenhuma! As pessoas precisam ter medo e culpa em seus corações. Somente impondo, restringindo, ordenando e controlando as pessoas chegarão ao novo céu e nova terra.
- Mas dona lei, quem já encontrou o caminho só precisa caminhar, sem culpas e sem neuroses. Pode ser até que suje os pés na caminhada mas no caminho já está.
- Olha dona Graça, a senhora é boazinha demais com esse pessoal, assim não dá. Esse negocio de achar que o evangelho é simples não dá certo. Eu não suporto a idéia de que seja tão fácil assim. Lembra-se que existe um inferno? Ou já esqueceu?
- Não, não esqueci não. Mas para te falar a verdade, pouco penso nele.
- Mas devia pensar muito nele. Não existe “arma” mais convincente pra fazer as pessoas “servirem“ a Deus, do que a pregação do tormento eterno. Sempre dá resultado. Você precisa ver a cara das pessoas quando digo que se não me ouvirem, vão sofrer eternamente.
- Bem dona lei, eu prefiro pregar que já esta tudo pago, tudo consumado, tudo feito.
- Haha! Você ficou doida dona Graça. As pessoas vão descambar pro pecado e pro inferno.
- Não é isso que tenho visto, dona lei. Quando as pessoas percebem que a Graça é de Graça elas ficam tão felizes e se sentem tão indignas de tal... Graça, que me ouvem com alegria e paz.
- Sei não dona Graça, esse negócio é muito estranho, não tem lógica.
- Mas é isso mesmo dona lei, a pregação da cruz não tem lógica. É escândalo para os judeus e loucura para os gentios.
- Deixa pra lá dona Graça, já vi que não vou conseguir convencê-la mesmo. Mas você já está avisada, ou me dá as pessoas de volta, ou lhe enviarei minhas maldições decorrentes da lei.

Nesse ponto dona Graça respira fundo e responde:
"E havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz." (Colossensses 2:14).

Viver !

(Luís Fernando Veríssimo)

"Acho a maior graça.

Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.

Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, mas volto cheio de idéias.

Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.

Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.

E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!

Caminhar faz bem, dançar faz bem,

Ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.

Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde. E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.

Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.

Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!

Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.

Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.

Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada"

Friday, April 21, 2006

Quem é você ?

Wednesday, April 19, 2006

Totalmente pessoal.

Estou cansada...

Cansada de ver um evangelho barato, de prosperidade em época de crise. Evangelho onde fala-se muito e vive-se muito pouco. Onde o simples dá lugar ao complicado. Onde a unção dá lugar à gramática e à oratória. Estou cansada de técnicas para persuadir pessoas a agirem com alma, ao invés de buscar-se o Espírito que gera vida.
Estou cansada de campanhas onde fala-se em entrega, e vive-se aprisionado ao ego.
Estou cansada de igrejas cheias de pessoas que vão e voltam do mesmo jeito, e do exoterismo cristão.
Estou cansada de aparências, onde vale-se mais o seu diploma universitário do que o seu caráter e integridade.
Estou cansada de pessoas vazias, que fazem da fé a forma de ganhar a vida.
E estou especialmente cansada de mim, que não faço outra coisa a não ser criticar...
É... Estou em crise, e isso me cansa.

Quero voltar...

Talvez se fizesse parte da “massa”, isso não me incomodasse tanto, nem me tirasse o sono a noite... Quero voltar à ignorância...

Coisas tem tirado meu sono...
O tamanho do amor desse Deus, por exemplo, é uma das causas da minha insônia. Como posso entender um amor tão grande assim ?
Como posso entender que pessoas que se dizem cristãs, tornem-se legalistas, impondo condições para que esse amor chegue às pessoas, trazendo um fardo que já foi levado lá na cruz, e custou tanto ao Deus que se fez homem ?

É cruel demais...

Estou cansada de líderes que pensam estar lidando com máquinas, e não com homens, homens estes com corpo, alma e espírito. Homem trino, assim como o Deus pregado. Falemos do amor. Celebremos a graça. Regozijemos a nossa vitória sobre as trevas, o plano de Deus de eternidade a eternidade.

Não estou defendendo a libertinagem, mas... Vivamos o amor de Deus, revelado a nós quando se esvaziou de si mesmo e veio como homem, viver as nossas dores. Mergulhemos no amor.

Mortos que andam.

(Carlos Drummond de Andrade)

Meu Deus, os mortos que andam!
Que nos seguem os passos
e não falam.
Aparecem no bar, no teatro, na biblioteca.
Não nos fitam,
não nos interrogam,
não nos cobram nada.
Acompanham, fiscalizam
nosso caminho e jeito de caminhar,
nossa incômoda sensação de estar vivos
e sentir que nos seguem, nos cercam,
imprescritíveis. E não falam.

Saturday, April 15, 2006

Ser poeta.












(Florbela Espanca)

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!

Wednesday, April 12, 2006

Lições Corporativas

Lição 1

Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair dele e está se enxugando. A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem vai atender a porta, a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas. Quando ela abre a porta, vê o vizinho Pedro em pé na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Pedro diz:
"Eu lhe dou "$ 800 Reais" se você deixar cair esta toalha!"
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua. Pedro então entrega a ela os 800 Reais prometidos e vai embora.
Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto. Quando ela entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
-"Quem era?"
"Era o Pedro, o vizinho da casa ao lado." - diz ela.
O marido pergunta - " Ótimo! Ele lhe deu os 800 Reais que estava me devendo ?"

Moral da história: Se você compartilha as informações à tempo,
você pode prevenir "exposições" desnecessárias!!!

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Lição 2

Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada à óleo. Eles esfregam a lâmpada e de dentro dela sai um gênio. O gênio diz: "Eu só posso conceder três desejos, então, concederei um a cada um de
vocês".
"Eu primeiro, eu primeiro !"- grita um dos funcionários. "Eu quero estar nas Bahamas dirigindo um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida!"
Puf ! e ele se foi.
O outro funcionário se apressa a fazer o seu pedido:" Eu quero estar no Havaí, com o amor da minha vida e um provimento interminável de pinas coladas!"
Puf ! e ele se foi.
"Agora você" diz o gênio para o Gerente.
-" Eu quero aqueles dois de volta ao escritório logo depois do almoço !"

Moral da História: Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.
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Lição 3

Um corvo está sentado numa grande árvore o dia inteiro sem fazer nada.
Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta: "Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?"
O corvo responde: "Claro, porque não ?"
O coelho então, senta-se no chão embaixo da árvore e relaxa.
De repente uma raposa aparece e come o coelho.

Moral da História: Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar sentado bem no alto!
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Lição 4

Na África todas as manhãs, a mais lenta das gazelas acorda sabendo que deve conseguir correr mais depressa do que o mais rápido dos leões se quiser se manter viva.
E todas as manhãs o mais lento dos leões acorda sabendo que deve correr mais depressa do que a mais rápida das gazelas, se ele não quiser morrer de fome.

Moral da História: Não faz diferença se você é a gazela ou o leão, quando o sol nascer, "comece a correr !"
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Lição 5

Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade. Pega um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas.
No caminho ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram suas terras. Ao se aproximar lentamente, observa várias garotas nuas se banhando na lagoa.
Quando elas percebem a presença do fazendeiro, nadam até a parte mais profunda da lagoa e gritam: - " Nós não vamos sair daqui enquanto o Senhor não parar de nos espiar e for embora !"
O fazendeiro responde: - "Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim
alimentar os jacarés !"

Moral da História: A criatividade e a rapidez de raciocínio são o que fazem a diferença quando queremos atingir nossos objetivos.

Monday, April 10, 2006

Deus, sara esta nação !

Vamos exercer um pouquinho de cidadania consciente...
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo.
Conheça a tributação de alguns impostos, que pagamos todos os dias:

açúcar - 40,5%
refrigerante lata - 47,0%
água - 45,11%
shampoo - 52,35%
desodorante - 47,25%
sabonete - 42%
papel higiênico - 40,5%
detergente - 40,5%
sabão em pó - 42,27%
amaciante - 43,16%
gasolina - 53,03%
carro - 43,63%
casa popular - 49,02%
conta de luz - 45,81%
conta de telefone - 46,65%
aparelho celular - 41%
CD - 47,25%
brinquedo - 41,98%
DVD - 51,59%
caneta - 48,69%
panela - 44,47%
copos - 45,6%
pratos - 44,76%
talheres - 42,7%
(fonte: www.deolhonoimposto.org.br)

Deus ! Sara esta nação !

Good news !

God so loved the world that he gave his one and only Son, that whoever believes in him shall not perish but have eternal life !

Let´s celebrate !!! Jesus comes like a man !!! He gave us the salvation, the redemption, he was holy, he is God ! Wow ! \o/

Make a pray, give him your life.

He loves you as nobody can. He can change your life, if you call him.
Ask for the Holy Spirit stay with you.
He is real, and this can make all the difference, and change your life.

Let´s pray ?
Give him this oportunity to show you that the life can be more.

Sunday, April 09, 2006

Que amor é esse ?










Não somos dignos do Teu amor
Não merecemos tanto favor
A tua graça nos alcançou
Pelo teu sangue que nos salvou...

Jesus, que amor é esse ?
Que me conquistou,
Que nos conquistou ?
(André Valadão)

><(((º>

Deus adora nos surpreender...
Me ajude, Senhor a entender a grandeza desse amor,
que permanece fiel quando falho,
que me ama quando erro,
que se orgulha e sorri
quando me volto para ti.

Te amo, pai.
Meu coração ferve de amor.

Até quando ?


Até quando enterrar ?

Os sonhos, antes tão reais, que hoje em dia já nem nos lembramos mais...
A empolgação que vibrava quando terminamos a faculdade, o novo amor descoberto, a aspiração profissional, o sonho da casa própria ou mesmo o prazer em viver e ser feliz...

O chamado que antes ardia, e agora vive apagado, conformado com padrões e cabrestos impostos, sem sequer reclamar ou mesmo perceber ?

O conformismo corrói, como câncer... Mina a ousadia, as aspirações.
Estou cansada de tanta vida enterrada, sem sequer um epitáfio...

Cansei de "coveiros". A ressurreição começa em mim.

Lindas e frustradas...

Mulheres lindas e frustradas... E homens bons sem atrativo
(Caio Fábio)

Hoje eu conversava com uma jovem linda e séria em seu caráter e sentimentos. Ela quer encontrar alguém legal e casar para sempre. No meio da conversa eu mencionei como crescia o número de opções femininas por canalhas e cafajestes. Ela então me disse que ainda havia homens legais, mas que o problema é que em geral eles eram muito tímidos, bonzinhos e meio sem visgo, sem charme.

É verdade que não dá para casar apenas com as racionalidades que nos convencem de virtude acerca do pretendente à união. Tem que haver a santa magia do amor, da paixão, do desejo, do enfatuamento, do romance e da admiração encantada.

O problema é que 90% dos homens charmosos e com borogodó, também são muito “galinha”. Assim, a maior parte dos homens interessantes e atraentes, por esse próprio fato, e, também, pela bestial obrigação masculina de enfiar onde lhe oferecem “guarida sexual”, acabam por virar seres inquietos e incapazes de um vínculo só. E como os charmosos são muito percebidos, e como junto com o charme vem o narcisismo e o espírito de garanhão — que nada mais é que um instinto animal dos mais primitivos —, então, no caso dos homens, acaba havendo um perverso processo de retro-alimentação desse estado de quanto mais gostoso mais amargo para se amar.

O problema é que o paradigma de charme também mudou na cabeça das mulheres, às quais, pela massiva indução de toda sorte de movimentos e ideologias, associados a uma forte propaganda de estereótipos de charme masculino, e que repetem o modelo do homem sedutor, gostoso, estiloso, gracioso, com boa “pegada”, e que seja bom de papo — é aquilo que justamente remete as mulheres para 90% dos caras que não estão aí pra nada mais sério (dada a abundância de ofertas), ou que têm um problema muito sério com casamento e fidelidade.

E aí? O que fazer?

De fato, para além de toda a massificação de imagens e estereótipos, é também verdade que a maioria dos caras que são sérios, pelo medo de se identificarem com os machos galinácios, acabam por assumir aquela atitude “Nerd” sem sal e sem graça; o que, na melhor das hipóteses, atrai apenas mulheres de igual perfil. O paradoxo é que o Nerd não quer se identificar com o “Dom Juan”, mas também não quer ficar com as meninas Nerds como ele mesmo.

Portanto, para quem acha que há muita mulher mal acompanhada ou sofrendo nas mãos sedutores de canalhas, ao invés de se recolher ao ar de Nerd e com cara de arroz brejeiro, o que deve fazer é desenvolver sua própria postura, com dês-inibição, com charme (que é algo que também se aprende a abrir, visto que todos têm o seu próprio charme, mas que na maioria das vezes fica preso pelo preconceito ou pela inibição); e, sobretudo, desenvolvendo atitude e objetividade, sem esquecer a bravura do espírito romântico.

As mulheres, por sua vez, precisam ver que seus paradigmas de homens e de significados estéticos ou de bossa pessoal, são coisas bastante relativas. O que hoje não é moda, ontem foi. De tal modo que o charmoso de hoje poderia ter sido uma abominação ontem, antes, há pouco tempo atrás.

Ou seja: o curso deste mundo é um moldador de estéticas, de tendências e, por final, de comportamentos; e quanto mais as mídias se tornam instantâneas e independentes, mais tais induções vão crescendo na alma como “arquétipo” a ser buscado como lei de sucesso.

Vide Bruna Surfistinha...

Minha proposta, portanto, é de equilíbrio. Os homens legais têm que deixar a nerdice de lado, pois ela é uma merdice do ponto de vista relacional; e buscarem a normalidade da vida, sem medo e sem fobia estética e de charme. Já as mulheres, precisam rever por que quanto mais “gatos” têm, mais frustradas se sentem; e, com tal analise, verificarem o nível de indução de natureza estética-escravizante à qual se deixaram prender.

Ora, garantido o fato de que esses elementos estão banidos em nós, o resto é deixar a magia santa do encontro seguir o seu curso natural.

Davi talvez seja o exemplo bíblico do homem charmoso e profeta que mais salte aos olhos. E mesmo ele, sob as influencias de seu próprio poder e charme, experimentou o significado de ter poder e ser atraente “para o mal”; visto que ele “pegou” a mulher de Urias, mas ela não parece ter sofrido com o fato nem antes e nem depois, posto que com amor, veio a se tornar sua mulher depois de toda a tragédia.

É também impossível não ver que Jesus era puro charme. Sim, porque charme é graça horizontal, carregada de simpatia, alegria, acolhimento, senso de propriedade e naturalidade em tudo. E ninguém foi mais assim do que Ele.

Estou dando aqui minha opinião sobre este assunto apenas porque vejo tanto desencontro e sofrimento e frustração entre os que tentam encontrar alguém, que decidi deixar aqui essa simples analise, com esse igualmente simples conselho.

A quem interessar, possa!

Sempre, Nele, até quando opino,

Caio

Intolerância.

Intolerância religiosa e o futuro da humanidade.
(Ricardo Gondim)

Proponho trégua entre as religiões. Chega de incompreensão. Basta de sangue derramado em nome de Deus. Vamos entupir os fuzis dogmáticos com flores. Transformemos nossos tanques teológicos em tratores. Se crer gera amor e ódio com a mesma intensidade, concentremos nossas forças na ternura.

Será possível um rascunho de paz religiosa, mesmo provisória? Sim, a Grande Utopia escatológica de um só pastor e um só rebanho pode ser alinhavada em pequenos gestos. O futuro será o resultado de mínimas decisões presentes. Não há mais volta, o planeta encolheu do tamanho dum vilarejo. Os desequilíbrios ecológicos locais repercutem globalmente e as decisões econômicas nacionais produzem desdobramentos mundiais. Urge pressa.

Os teóricos da religião precisam conscientizar-se que vivem em sociedades complexas; é preciso conviver com os diferentes Os credos já não representam etnias ou culturas locais. Cada dia se tornará mais necessário entender o significado da tolerância. Qualquer intransigência religiosa pode desencadear uma guerra com poder de destruição comparável a um conflito atômico.

Algumas mudanças precisam acontecer urgentemente entre as religiões mundiais.

Que pastores, sacerdotes, rabinos e mulás dediquem mais tempo lendo, decorando e declamando poesia, e para prevenir preconceitos, que se omitam os autores. Assim, poderão saborear beleza sem distinguir entre ateus e crentes, devassos e santos; que teólogos se especializem em “agapeologia”; que solidariedade seja a melhor prece, e exemplo, o maior sermão.

Que as religiões, grandes e pequenas, se concentrem na vida aqui no mundo; que busquem aliviar os cansados e oprimidos antes de prometerem salvação eterna; que visitem os doentes, antes de tentarem decodificar os mistérios da Divindade; que defendam o direito do órfão e da viúva, antes de se arvorarem únicos detentores da verdade; que aprendam a zelar pela vida e desprezem as taxas de crescimento de suas instituições; que a mão esquerda desconheça as virtudes praticadas pela direita e não usem a bondade como proselitismo; e que Deus seja percebido no rosto do próximo e não em livros, compêndios, altares ou imagens.

Que os líderes eclesiásticos voltem a caminhar na beira da praia; que façam estágio na casa de um pescador artesanal; que acordem cedo, sintam o aroma do café preto, naveguem todo o dia e na boquinha da noite voltem para casa exaustos; que suas mãos calejadas lhes ensinem a manter o coração sensível; que o corpo doído lhes amorteça a ganância; que se deitem felizes numa rede, e embalados pela bruma, voltem a soletrar con-ten-ta-men-to.

Que as liturgias dos templos imitem as brincadeiras infantis onde ninguém é dono de nada, nenhum projeto definitivo, e não se separam as pessoas entre líderes e liderados. Já que o Reino Eterno não é dos adultos, mas dos pequeninos desprovidos de amarguras, que os ritos busquem devolver a humanidade aos jardins-de-infância; que os bancos das igrejas sejam transformados em gangorras e balanços; que o culto vire festa parecida com casamento de italiano, com muito vinho, dança, e sem hora para terminar.

Devo estar delirando, mas entre alucinar bobagens e permitir que a realidade se transforme em pesadelo, prefiro continuar um sonhador.

Soli Deo Gloria.

Jesus na Era de San German.

E como ficará o seu Jesus na Era de San German ?
(Caio Fábio)

Quando acabei de pregar há uns três anos, após atender uma fila de pessoas, chegou um senhor de uns 60 anos, vindo de outro estado, e que fora lá à convite de uma amiga.

—Gostei muito daqui. Eu sou espiritualista, e tenho uma visão esotérica da vida. Quando fui entrando senti a energia...forte...poderosa. Quando sua prédica começou senti a força de seu poder...que energia!...e fiquei maravilhado com sua filosofia...que clareza!

Eu ouvia a tudo sem dizer palavra...apenas sorrindo com simpatia. Se ele parasse ali, ali o assunto ficaria. Não acredito que polemicas ajudam ninguém. Prefiro deixar o individuo pensar o que quiser, e gosto de vê-lo livre para vir e vir...até que a ficha cai...e com ela, ele já cai dentro...para receber o abraço da Graça.

—Onde entra a reencarnação em sua filosofia espiritual?—me perguntou.

—Não entra!

—Como não entra?

—É que é uma coisa muito antiga, muito tola, e é pensada com categorias de pensamento que não cabem mais; não cabiam em minha fé antes, e hoje não cabem nem no que a ciência chama de universo.

—Como? Não estou entendo!

—É que o tema, tratado de modo filosófico e religioso, é pura besteira. Foi “inventado” no tempo em que a eternidade era pensada como diferente do tempo apenas porque seria um tempo-sem-fim. Tudo o que existia em tão era a noção linear de tempo. Então, para purificar alguém ou punir alguém...as imagens eram todas relacionadas ao tempo...tinha-se que purgar pecados com o tempo de sofrimento; ou tinha-se punir alguém que fosse “mau” deixando a pessoa no tempo-sem-fim em punição. No seu caso, tinha-se que voltar a nascer em fases diferentes da história para poder haver remendo para os equívocos anteriores....sendo que o curado, tinha, na melhor das hipóteses, apenas pulsões inconscientes de suas existências anteriores...e pelas quais estava sofrendo de volta na terra...tendo que aprender da própria ignorância...para sempre. Hoje em dia já se sabe que na estrutura da própria matéria, existem coisas que não estão vinculadas à linearidade do tempo-espaço.

—Você fala de quê?

—Falo que toda essa conversa de reencarnação é primitiva demais...não subsiste ao conceito de eternidade, pois não sobrevive num “ambiente” onde o tempo e o espaço não existam...e a Consciência é um fenômeno muito mais para o quântico do que para a linearidade do tempo.

—Desculpa!!! Como???

—Ora, se a própria física quântica nos põe diante da possibilidade em que a realidade se manifesta também “fora da linearidade espaço-tempo”; então, por que se a própria matéria pode escapar a tal “prisão”, como a Consciência, teria que ficar presa a essa sucessão de reencarnações nas quais nascesse esquecido...a fim de curar justamente aquilo do que não se tem lembrança?! Meu querido, se eu fosse de sua crença, com certeza, reencarnacionista eu não seria jamais...se não fosse por descrer da “filosofia e de sua psicologia” reencarnacionista....seria por uma simples questão de não ver o tempo-espaço com qualquer semelhança com eternidade...onde a Consciência pertence. Mas isto é só para começar. O problema mesmo é outro!

—Que outro problema?

—Ah, é o Cordeiro imolado antes da fundação dos elétrons, dos nêutrons, e outros entes da mesma família ou de qualquer energia pré-existente às formas que conhecemos. Um Deus que se sacrifica pela criação antes de criá-la, não precisaria de um método tão estranho e contraditório com a responsabilidade de criador e redentor que ele assumiu antes de criar. Ou seja: antes de criar Ele mesmo redimiu o que criaria...

—E quem é esse Cordeiro Metafísico? É Jesus? E os outros, como Buda, Confúcio, Zoroastro, Sócrates, e muitos outros iluminados?

—Ora, esses foram apenas caquinhos de espelho refletindo, embaçadamente, luz que vem do Cordeiro, que na História humana é Jesus.

—E por que só Jesus?

—Ah, é porque Ele não nos deixa muita alternativa. Ou Ele era Deus, ou Doido, ou o Diabo!

O homem ficou me olhando com a cara mais chocada deste mundo!

—Não! Ele era um espírito de muita luz!

—Não! Ele é a verdadeira luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem. Os “outros” que você mencionou eram “caquinhos de espelho”, refletindo, com a luz que perceberam, algo que fosse elevado, mas eles mesmo não conheceram a plenitude dessa Luz, que é Jesus.

—Mas que coisa é essa de Jesus ser Deus, Doido ou o Diabo?

—É a diferença entre Ele e os “outros”. Os “outros” podem apenas ser mestres buscando luz, e ensinando, com toda boa vontade, um caminho de melhor consciência para os que os rodeavam. Mas Jesus não se botou nessa posição neutra. Ele disse que Era O Caminha, A Verdade e A Vida. Disse que Ele e o Pai eram Um. Disse que Ele era a Luz do Mundo...—e desferi a monte de textos dos Evangelhos sobre ele. E concluí: “Um cara que diz tais coisas, ou é o que diz ser—Deus absoluto—, ou é o Doido Cósmico, ou, seria tão enganoso em Sua serena objetividade narcisista de atrair toda atenção do mundo para Ele, que seria o papel de um Grande Usurpador...no caso, o Diabo.

—Mas você sabe que a Era de Peixes—de Jesus—está acabando. E virá a Era de San German... Será outra luz! Onde Jesus vai ficar nessa nova era?

—Ele ou é Deus, ou Doido ou o Diabo!—foi minha única resposta.

—Mas por quê?

—É que outra vez Ele não foge dessa categoria em nenhuma era... Ele disse Eu Sou o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim. Onde o você o colocaria nessa nova era?

Ele ficou em silêncio...

—Meu amigo, o lugar dele é sobre todos e sobre tudo. Lembra dos magos que vieram do oriente para adorá-lo? Aqueles magos prefiguravam o que Buda, Confúcio, Zoroastro, e todos os Gandhis da Terra farão. Olhe amigo, aqui nós estamos diante de uma de-cisão. Ou Ele é Deus, ou escolha uma das outras duas opções. Ele não faz parte de nenhum eon. Todos os eons estão Nele. E Ele está sobre tudo. E não esqueça: Ele se deu por Sua criação antes de criar. Então, todos estão sob essa Graça. Um dia os olhos de todos serão iluminados, inclusive dos cristãos, que hoje tratam a Jesus como o Chefa da Religião Certa, embotando a radiância de Sua Luz.

—E o que é Nascer de Novo?—indagou.

—É o que pode acontecer com você Hoje, não numa outra encarnação. Nascer de Novo é, por exemplo, deixar sua Consciência nascer para essa Luz-Fé, Agora.

—E isto pode acontecer muitas vezes?

—Sim, todos os dias. Metanóia. Arrependimento. Mudança de mente. Um processo sem fim de renovar o entendimento Nele. E isto é algo que quem sabe está acontecendo com você hoje a noite!

O homem ficou calado, me olhando com estupefação. Então, dei um beijo nele e disse para ele voltar quando estivesse de passagem pela cidade; ou que fosse ao site.

Senti que ele saiu dali com muito para pensar, sobretudo porque viu que minha fé não compete com a crença dele, mas apenas a trata com misericórdia. Para mim isso ficou claro no olhar dele.

Obviamente que o papo ao vivo foi mais sofisticado, criativo e provocativo; mas este é o esboço de nosso encontro.

[Escrito em julho de 2004]

Já sei por onde não ir.

(Ricardo Gondim)

Leio que o exército negociou com traficantes o retorno da “normalidade” nas favelas do Rio de Janeiro – ou seja, devolveu-lhes a liberdade para negociarem e restituiu-lhes seu “território”, que continuará no controle do crime. Angustio-me, mas não desisto do jornal, afinal sou brasileiro e já corri sete maratonas. Aprendo que o crescimento econômico brasileiro, estagnado há mais de vinte anos, mantém-se com índices equivalentes ao Haiti. Por pura teimosia, viro a página da Folha e fico informado que o lucro do maior banco brasileiro, que já estava na estratosfera, aumentou mais 80% no último ano.

Enquanto o cenário draconiano me rodeia pela página impressa, ouço os pastores. Eles parecem alienígenas vindos de um mundo perfeito. Falam de uma existência sem sofrimento, de uma prosperidade mágica, e de vitória em todo e qualquer percalço. Percebo-os como patifes que minimizam os descalabros nacionais como se fossem “maldições” espirituais. Sabem encurralar o povo sofrido no beco da culpa: “Se você enfrenta dívidas e crises conjugais decorrentes de seus problemas financeiros, com certeza não está pondo sua fé em ação”. São para mim mercadejadores da Palavra que desafiam os desvalidos nacionais com a cara mais lisa e ordinária: “Venha fazer a campanha de Gideão, da Fogueira Santa, do Sal Grosso, das Muralhas de Jericó e acabe seu sofrimento”.

Como arrazoar? São dois mundos distintos, duas realidades que não se tangenciam. Eles não lêem os jornais, não possuem senso crítico; e varrem escrúpulo e decência para debaixo dos seus tapetes imundos. São lobos vorazes que saqueiam o irrisório salário mínimo do trabalhador; fomentam um ambiente onde não se pode perguntar, pensar ou exercitar o bom-senso. Conseguiram condicionar seus auditórios e todo argumento recebe respostas emotivas, piegas e irracionais. Ouço irritado: “Não se deve julgar essas igrejas, afinal de contas, muitos se libertaram e lá tiveram uma genuína experiência com Deus”. “Se essas igrejas estão cheias e o povo não é burro, alguma coisa boa deve haver ali”. A cada réplica, dá vontade de virar as mesas dos templos. Os contra-sensos revoltam.

Enquanto isso, minha caixa postal se entope de mensagens de gente destruída, decepcionada e desiludida. Eles ouviram sermões que não “resolveram”, e agora se sentem largados nas calçadas. Há dias não consigo dormir direito com tantos pedidos de socorro. São mulheres espancadas, filhos abusados e profissionais frustrados. Todos reclamam que suas orações não funcionaram e não sabem o que fazer.

Concluo que esses sintomas não são pontuais e nem circunscritos a um determinado grupo. O modelo evangélico nacional adoeceu. Os que defendem a ortodoxia da fé deveriam se arrepender de seu dogmatismo e defenderem a vida antes das doutrinas; os que se enxergam como baluartes do pentecostalismo deveriam fazer crítica interna porque geraram comunidades que asfixiam a criatividade, a liberdade e a felicidade; os que se dizem na vanguarda do “mover apostólico” deveriam ter coragem de se olharem no espelho e reconhecer que propalam maravilhas que só beneficiam a eles próprios.

Assim, acabo meu envolvimento com o mundo evangélico. Termino minha militância com o movimento ao qual me dediquei por mais de trinta anos. Estou desencantado. Chegou a hora de encerrar minha associação com esse imenso guarda-chuva que hoje abriga uma das religiosidades mais pernósticas da história. Não quero mais estar incluído no mesmo rol de pessoas que considero pilantras fardados de apóstolos. Tenho pena desses drag-queens culturais que se deslumbram com o imperialismo de um George W. Bush. Não consigo ouvir missionários que prometem milagres a granel.

Chega! De hoje em diante não me sentirei atacado quando souber que apedrejaram o discurso moralista e inconsistente desses sicofantas.

Contudo, continuarei minha caminhada cristã, movido pela esperança do Reino, alimentando-me dos que trilham a senda de Jesus de Nazaré. Tomo emprestadas as palavras de Frei Betto: “A esperança é uma fênix. Sempre a renascer das cinzas... Um sonho se tece de mil fios delicados, até que um dia a imagem se transporta da mente à realidade. Talvez não se saiba exatamente aonde se pretende chegar. É como no amor, os sentimentos criam vínculos sem que se saiba ou se possa adivinhar o porvir. Sabe-se, contudo, por onde não ir. Como no poema de José Régio: “não sei por onde vou,/ não sei para onde vou,/ sei que não vou por aí!”. Não vou pelas vias que conduzem os passos do inimigo...”.

Soli Deo Gloria

Saturday, April 08, 2006

Fogo que arde sem se ver.



O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É o contentamento descontente
É cuidar que se ganha em se perder...