Friday, June 15, 2007

Sem perder a alma.

Sem perder a alma.
(Ricardo Gondim)

A gente chega numa idade que parece já ter visto de tudo e do seu reverso. Em meus trinta anos de convívio entre os evangélicos, ganhei a sensação de que nada mais pode me surpreender.

Fui privilegiado de conhecer heróis e heroínas da fé; gente que para evangelizar, enfrentou o cinzento do sertão, a umidade inclemente da Amazônia e o frio gaúcho. Já me arrepiei com o denodo de pastores que sobem morros perigosos, com a persistência de rapazes que dedicam tardes de domingo visitando hospitais, presídios e sanatórios, com a ternura de mulheres que cuidam de orfanatos.

Contudo, do mesmo modo, testemunhei horrores praticados em nome de Deus, escandalizei-me com evangelistas escarnecendo de paralíticos, revoltei-me com a manipulação exagerada de falsos milagres. Espantado, presenciei missionários, ávidos por demonstrar o tamanho de sua unção, inventando manifestações sobrenaturais.

Depois de conhecer os bastidores de algumas igrejas evangélicas, percebi o risco de tornar-me cínico. Diante de tanta ambigüidade na esfera religiosa, eu poderia aprender a comportar-me como uma hiena, sarcasticamente rindo por dentro perante tanto paradoxo.

Sei que é possível desdenhar de tudo o que se faz em nome de Deus. Confesso que às vezes dá vontade mesmo de zombar dos arroubos ufanistas daqueles que tentam me fazer embarcar em projetos megalomaníacos.

Depois de tanto perambular pelos corredores religiosos, pregando em Congressos e ouvindo conversas de corredor, conscientizei-me de que preciso guardar o coração.

Infelizmente, convivo com tantos doentes espirituais, que também corro sério risco de me desumanizar. Sei que posso sucumbir à tentação de ganhar o mundo inteiro e, no processo, perder minha alma; posso despersonalizar-me só para ter alguma notoriedade denominacional.

Conheci líderes com traquejo nos palcos religiosos, mas que já não beijam seus filhos há tempo. Posso citar vários que nunca leram poesia, jamais contemplaram a beleza de um pôr-do-sol, não jogam bola com os netos e desconhecem a alegria de deixar-se conduzir por uma melodia calma; muitos esqueceram que é possível ouvir o inaudível no cicio de uma brisa.

Vez por outra, eu me flagro assaltado pelo farisaísmo, e com isso, dou de ombros para a vida em nome da minha instituição; também me apavoro comigo mesmo quando me vejo armando esquemas para conquistar mais reconhecimento; entristeço quando percebo que ambiciono ter o status de messias.

Ah, como fui tardio em desconfiar que meu ambiente religioso fosse tão perigoso! Porque não me precavi do fermento dos fariseus, paguei um preço muito alto.

Para não asfixiar a alma, senti a necessidade de achar respiradouros onde pudesse renovar meu ser.

Assim, passei a ler diversificadamente. Aprendi a gostar de poesia, biografias, romances e crônicas. Hoje, sonho ao lado de mestres das metáforas como José Lins do Rego; compenso a crueldade do mundo, viajando pelos universos paralelos imaginados por gente como Tolkien, Gabriel Garcia Márquez e Rachel de Queiroz; refresco meu coração com a sublimidade poética do Vinicius de Moraes. Em minhas tristezas, sinto-me atraído pelos Salmos de Davi e por Fernando Pessoa.

Assim, procuro ritualizar minhas refeições. Hoje, almoço sem pressa.

Assim, quero consagrar cada abraço que dou e recebo, e considerar meus presentes como sacramentos do cuidado de Deus. Como alquimista, busco transformar cada instante de minha breve vida, numa gostosa saudade.

Assim, desejo aprender a conversar despretensiosamente com meus amigos. Hoje, sei que preciso antecipar-me aos meus inimigos para poder oferecer-lhes um pedaço de minha paz e pedir que me ajudem a construir pontes em direção a eles.

Assim, anseio por ler a Bíblia sem a obrigação de conseguir tirar “verdades práticas” do seu texto. Tenho sede de meditar vagarosamente nas histórias, parábolas e ensinos dos dois Testamentos. Ainda hei de descobrir o que o salmista quis comunicar quando escreveu: “Provai e vede que o Senhor é bom”.

Assim, aspiro aprender a calar-me na presença de Deus. Hoje, quero exercitar-me na oração contemplativa. Reconheço que ainda engatinho nessa disciplina espiritual, mas anelo aprender o sentido mais profundo do batismo no Espírito Santo.

Eu já quis ganhar cidades, mas hoje tenho um projeto mais fascinante, luto com todas as minhas forças para cuidar do meu coração - dele saem as fontes da vida.

Soli Deo Gloria.

A bomba gay...

Quando o Pentágono pensou em utilizar a 'bomba gay' contra os soldados inimigos.

WASHINGTON, 15 Jun 2007 (AFP) - Uma 'bomba gay', que transforma os soldados inimigos em homossexuais que preferem fazer amor a fazer a guerra, foi uma idéia destrambelhada proposta nos anos 90 ao Pentágono para resolver seus conflitos bélicos.

Em 1994 o laboratório Wright, do Exército do Ar em Dayton (Ohio, norte), solicitou ao departamento de Defesa americano 7,5 milhões de dólares para desenvolver esta bomba constituída de um produto químico de efeito poderoso e afrodisíaco, que levaria os combatentes a adotar um "comportamento homossexual" e que minaria "o espírito e a disciplina das unidades inimigas".

O documento com esta solicitação, descoberto em dezembro de 2004 pelo Sunshine Project, uma associação com sede no Texas e na Alemanha que luta contra as armas biológicas, circula há vários dias pelos blogs e meios de comunicação americanos.

O Pentágono confirmou a existência dessa proposta, mas minimizou seu alcance. "O departamento de Defesa jamais incentivou tal conceito. E nenhum financiamento foi aprovado pelo Pentágono", afirmou à AFP um porta-voz militar, o tenente-coronel Brian Maka, recordando que essa idéia fazia parte de uma série de propostas sobre armas não-fatais, entre as quais estava um produto químico que tornaria os inimigos sensíveis à luz do sol e outra que visava a criar abelhas superviolentas.

Edward Hammond, do Sunshine Project, põe em dúvida, no entanto, as afirmações do Pentágono. "A proposta não foi rejeitada de cara. Foi examinada mais tarde", afirma ele no site da associação.

Ele diz ainda que a idéia foi inserida em 2000 num CD-ROM promocional sobre as armas não-fatais por um organismo do Pentágono, com sede em Quantico (Virgínia).

De acordo com Hammond, a idéia foi reiterada em um estudo submetido à Academia Nacional de Ciências, em 2001.

Esta história de 'bomba gay' virou prato cheio para piadas e comentários jocosos dos blogueiros. "Se tínhamos uma bomba gay, por que não as usamos nas montanhas do Afeganistão?", questiona o republicoft.com, que se identifica como um negro e homossexual que vive em Washington.

"Os imbecis que tiveram esta idéia deveriam levar um sopapos e obrigados a ouvir discos de Judy Garland para o resto de suas vidas", escreve outro blogueiro, Ed Brayton, no Huffington Post.

Os especialistas em homossexualidade não acham tal proposta tão estranha. "Esta história mostra as idéias ultrapassadas do Pentágono sobre a sexualidade e sobre a relação entre a sexualidade e a noção de ser um bom soldado", estimou Aaron Belkin, professor da Universidade da Califórnia.

"Imaginar que borrifar um produto químico sobre alguém possa torná-lo homossexual é grotesco, e imaginar que este indivíduo transformado em gay se torne um mau soldado também é ridículo", afirmou à AFP.

A polêmica a respeito do tema é tanta que o secretário de Defesa, Robert Gates, decidiu decidiu afastar de seu posto, em setembro, o chefe do Estado-Maior conjunto, o general Peter Pace, devido à controvérsia em Washington sobre as operações americanas no Iraque.

Em março, o general Pace classificou a homossexualidade de "imoral" em uma entrevista ao jornal Chicago Tribune, reavivando o debate sobre a lei que autoriza aos homossexuais a entrar no exército sob a condição de que não comentem sua orientação sexual.

Um projeto de lei democrata propõe reformar essa lei, batizada de "Não pergunte, não diga" ("Don't Ask, Don't Tell"), adotada em 1993 pelo presidente democrata Bill Clinton.

(fonte: http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/afp/2007/06/15/ult4430u420.jhtm)