Wednesday, June 28, 2006

(...)

Quer saber ? Ah ! Deixa pra lá...

Meu pessimismo.

Meu pessimismo.
(Ricardo Gondim)

Minha tristeza não me abate, não esgarça as velas de meu barco e nem afoga minhas alvoradas. Meus silêncios não atrofiam minha alma; ser introspectivo não me isola de meus amigos. Não me considero doente porque explode um pranto repentino em meu peito, e molho o travesseiro de lágrimas gratuitas.

Carrego uma quietude bem resolvida. Vez por outra, prefiro manter-me taciturno, sombrio. Nesses momentos, escolho as sombras aos holofotes, o ostracismo à festa, o luto à dança.

Aquiesço, ando desapontado com a História. Porém, quero mudá-la, não estou conformado. Chego a celebrar meus desencantos. Eles me lembram que não me envenenei de cinismos; desejo calçar meus pés desse realismo cru para espalhar paz e justiça. Cada um deve decidir se acredita em pessimismos esperançosos, eu acredito.

Assim, meio bisonho, desdenho os arquitetos de castelos aéreos. Acredito na liberdade, inclusive anárquica. Para mim, a vida não pode ser contida em redomas utópicas. Repito em meus solilóquios, que condições ideais de temperatura e pressão só acontecem em laboratórios químicos. O Paraíso existe no porvir.

Boicoto recintos religiosos estupidificados por jargões triunfalistas. Sou avesso às tentativas de massificar as pessoas com sonhos dourados. A homogeneização do senso crítico me aborrece. Fico cismado com gente que defende certezas absolutas, esbravejando brutalidades.

Tenho medo de pragmatismos religiosos. Desprezo listas de dez passos para o triunfo e não creio que se deve tentar reduzir qualquer mensagem a cinco leis. Reprovo quem busca enquadrar os comportamentos humanos dentro de padrões previsíveis. Nego a hipótese de se controlar o futuro ou que as pessoas consigam micro gerenciar a vida num mundo sujeito a contingências e na companhia de semelhantes dotados de livre arbítrio. Tudo pode acontecer; quem vive corre riscos.

Envelheço e lentamente vou me distanciando de meus verdes anos ufanistas. Vi demais para sorrir com freqüência. Andei por charcos onde a vida valia muito pouco e hoje caminho com gravidade.

Agora, aprendo o valor das lágrimas porque são elas que me mostram o arco-íris.

Soli Deo Gloria.

Saturday, June 24, 2006

Pedaços.

Pedaços
(Paulo Roberto Gaefke)

Um pedaço de mim reclama tempo para viver,
outro assume a responsabilidade e quer apenas trabalhar.
Um pedaço de mim quer viver um grande amor,
e entrega-se sem medidas,
o outro tem medo, já sofreu decepções e por ele,
nunca mais me apaixonaria.

Um pedaço de mim é brincalhão e vive rindo,
outro é triste, tem momentos de puro isolamento,
Um pedaço de mim quer vencer, é pura euforia,
Outro quer apenas viver, deixar a vida me levar...

Um pedaço de mim sofre com a dor dos outros,
outro quer que eu cuide apenas das minhas dores,
que não são poucas, já que vivo em conflito,
entre o que eu sou e o que eu gostaria de ser,
entre o que tenho e aquilo que gostaria de ter,
e, se um pedaço de mim sente-se satisfeito,
o outro grita por novidades, por consumo,
por gente, por beijos e amores inconstantes.

Nesse turbilhão, acordo todos os dias,
tentando unir esses dois lados que coexistem em mim,
e que por mais diferentes que sejam,
ainda assim, só querem mesmo,
o melhor para mim.

Hoje eu junto o ser e o querer,
o que fui e o que desejo ser,
para cumprimentar a vida,
abraçar meus sonhos e pedir passagem
simplesmente para ser feliz.

Friday, June 23, 2006

Amadurecimento.

Amadurecimento
(Mario Quintana)

Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você...
A idade vai chegando e, com o passar do tempo, nossas prioridades na vida vão mudando...
A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar.
Mas uma coisa parece estar sempre presente...
A busca pela felicidade com o amor da sua vida.
Desde pequenas ficamos nos perguntando "quando será que vai chegar?"
E a cada nova paquera, vez ou outra nos pegamos na dúvida "será que é ele?".
Como diz o meu pai: "nessa idade tudo é definitivo", pelo menos a gente achava que era.
Cada namorado era o novo homem da sua vida. Faziam planos, escolhiam o nome dos filhos, o lugar da lua-de-mel e, de repente...
PLAFT!
Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito " do próximo".
Você percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses.
Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, trabalhador, bem resolvido, inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue "imagem e ação" e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo.
A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação já não tem o mesmo valor que tinha antes.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas, mas continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal, que nos complete e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta... E haja dinheiro para manter a presença em todos os eventos da cidade: churrasco, festinhas, boates na quinta-feira.
Sem falar na diversidade que vai do Forró ao Beatles.
Mas o melhor dessa parte é se divertir com as amigas, rir até doer a barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente e curtir o som...
Olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!!!

Tuesday, June 20, 2006

Não quero ser feliz !

Não quero ser feliz
(Ricardo Gondim)

Desisto, não quero mais ser feliz. Procurei a felicidade como um caçador de borboletas. Armado de redes e binóculos, percorri florestas e cavernas buscando prender minha libélula, mas acabei frustrado: ela sempre voava para mais longe de mim.

Desisto, não quero mais ser feliz. Agora, vou contentar-me em perseguir a justiça. Tocarei minha vida advogando o direito dos meninos de jogarem pedras em mangueiras e de nadarem em lagoas. Conformado com minha sorte, protegerei as meninas que brincam de pular corda; elas nunca deveriam precisar ganhar dinheiro para alimentar a família.

Desisto, não quero mais ser feliz. Vou escancarar as portas do meu coração para a dor de mães que choram por seus filhos drogados; não evitarei os esquálidos que morrem de Aids; não virarei meu rosto para velhinhos que pedem esmolas nos sinais de trânsito. Não desejo continuar cavando os fossos que me isolam em meu castelo de desejos.

Desisto, não quero mais ser feliz. Não perseguirei a amizade de gente famosa que, por tanto tempo, acreditei capaz de me fazer sentir importante. Resignado, procurarei novos amigos. Aceitarei andar ao lado dos simples, e de conviver com os humildes. Quero aprender a conversar despretensiosamente.

Desisto, não quero mais ser feliz. Abrirei mão de meus grandes projetos. Lutei para conquistar objetivos irrealizáveis. Imaginei que minhas metas se tornariam fontes de alegrias infinitas. Resignado, desejo viver cada vão momento como sagrado. Transformarei meu almoço numa liturgia; celebrarei meus encontros solenemente; e cantarei minhas músicas prediletas como hinos de agradecimento à vida.

Desisto, não quero mais ser feliz. Cansei de defender minha honra, reputação e posicionamentos – todos, políticos, espirituais e filosóficos. Abdico de estar certo. De agora em diante, confessarei abertamente minhas incertezas. Não rolarei na cama, insone com a opinião de pessoas que desconheço; não retrucarei, quando me sentir atingido. Estou disposto a aprender o significado daquela declaração divina: “quem quiser ganhar sua vida a perderá e quem perder sua vida a ganhará”.

Desisto, não quero mais ser feliz. Não tentarei segurar o amor de quem amo. Deixarei que cada um acerte seu caminho; arriscarei viver com gratuidade. Preciso acreditar que ninguém me deve coisa alguma. Vou aventurar-me fazer o bem, e não cobrar nada em troca.

Já que desisti de ser feliz, resta-me seguir por esses caminhos incertos.

Prometo avisar se algum dia a felicidade pousar em meu ombro.

Soli Deo Gloria.

Auschwitz...

O papa em Auschwitz
(Henry I. Sobel)


Domingo, encerrando sua viagem de quatro dias à Polônia, o papa Bento XVI fez uma visita carregada de emoção ao antigo campo de concentração nazista de Auschwitz. O próprio papa disse que fazer tal visita era "estarrecedor" para ele, como cristão e alemão, mas não podia deixar de fazê-la. Num gesto de grande sensibilidade, o papa optou por falar em italiano, e não em sua língua materna, o alemão, a fim de não ferir os sentimentos dos judeus, para quem a língua alemã está inextricavelmente associada aos horrores da era nazista.

Ao rezar durante uma cerimônia religiosa em memória das vítimas do Holocausto, o papa perguntou, com a voz embargada: "Por que, Deus, o Senhor se calou? Como pôde tolerar tudo isso? Onde estava o Senhor naqueles dias?"

Quando nos deparamos com o mal e a tragédia no mundo, é natural perguntarmos: onde está Deus? Como Ele pode deixar que tal coisa aconteça? A meu ver, porém, não são estas as perguntas primordiais. O que nos devemos perguntar não é onde está Deus, mas, sim, onde está o homem. Não como pode Ele, Deus, permitir que tais coisas aconteçam, mas, sim, por que ele, o homem, permite que essas coisas aconteçam. O que é que o ser humano tem feito para impedir as barbaridades?

O biógrafo de Sigmund Freud conta o caso de um importante cirurgião vienense que, ao se encontrar com Freud pela primeira vez, num corredor do hospital onde ambos trabalham, lhe mostrou um osso corroído pelo câncer, testemunho de uma vida que ele
tinha sido incapaz de salvar, e lhe disse sentir-se profundamente magoado: "Sabe, doutor Freud, se algum dia eu me encontrar frente a frente com Deus, vou sacudir este osso em Sua face e perguntar-Lhe por que Ele permite uma doença destas." E Freud respondeu-lhe: "Se eu, algum dia, tiver essa oportunidade, vou formular a queixa de um modo diferente. Não vou indagar por que Ele permite o câncer, e sim por que Ele não deu a mim, ou ao senhor, ou a qualquer outra pessoa, a inteligência para descobrir a cura desta doença."


Antes de perguntarmos "onde está Deus", cabe-nos formular a outra pergunta: "Onde está o homem?" O que está fazendo o homem com o mundo que Deus lhe deu?

A 2ª Guerra Mundial e os campos de concentração constituem o maior desafio à teologia em nossa época. Creio que todas as religiões deveriam rever seus conceitos, tendo em vista o que Auschwitz e Treblinka nos ensinaram sobre Deus e o homem.

Quando Hitler proclamava publicamente sua perversa política racial, por que as pessoas concordaram em aceitá-lo como líder? Onde estava o homem quando os eleitores da Alemanha disseram: "Antes Hitler, com suas idéias esquisitas sobre os judeus, do
que a inflação ou o socialismo"? Onde estava o homem quando Hitler subiu ao poder e começou a concretizar suas loucas ameaças? Onde estavam os advogados, os juízes, os médicos e tantos outros que seguiram e apoiaram passivamente os decretos de Hitler?

Se os advogados tivessem lutado pela dignidade de sua profissão, se os juízes tivessem defendido a justiça, se os médicos se tivessem importado com a vida humana, não haveria necessidade de perguntar mais tarde: "O que houve com Deus?"

Onde estava a Igreja? Onde estavam as autoridades eclesiásticas, tão prontas para exaltar a santidade da vida humana, enquanto milhões e milhões de vidas inocentes estavam sendo aniquiladas? Onde estavam os líderes dos governos aliados que deram um jeito de olhar para o outro lado e não conseguiram encontrar um canto em seus países para os judeus refugiados? Temos, certamente, o direito de perguntar onde estava Deus em 1940, mas temos o dever de perguntar, antes, onde estava o homem em 1940. O que poderia ele, homem, ter feito para impedir o inferno do Holocausto... e não fez?

Existe uma lenda sobre um rabino que se preparava para viajar de Israel para Roma. Na noite anterior à sua partida, ele teve um sonho no qual viu um mendigo esfarrapado sentado às portas de Roma. No sonho, ele ouviu uma voz que lhe dizia: "Vê este homem? Este é o Messias vestido de mendigo." O rabino acordou e não conseguiu mais esquecer o sonho. Continuou a pensar nele durante toda a viagem. Finalmente, ao aproximar-se de Roma, avistou um homem maltrapilho, sentado exatamente no local que havia visto no sonho. O rabino chegou-se a ele e questionou: "É verdade que você é o Messias?" E o homem respondeu: "Sim." O rabino, então, perguntou: "O que é que você está fazendo às portas de Roma?" E o homem replicou: "Estou esperando." Ao que o rabino retrucou: "Esperando?! Num mundo tão cheio de miséria, ódio e guerra, num mundo onde o povo de Israel está disperso e oprimido, num mundo onde existem crianças famintas, você está aqui, sentado, esperando?! Messias, pelo amor de Deus, o que é que você está esperando?" E o Messias respondeu: "Tenho esperado por você, para poder lhe perguntar, em nome de Deus, o que é que você está esperando."

A visita do papa Bento XVI a Auschwitz, no domingo, o fez reviver um capítulo muito doloroso da História humana. Diante das lápides simbólicas naquele local em que ocorreu o maior massacre de todos os tempos, o papa sentiu a necessidade de perguntar onde estava Deus enquanto a bestialidade nazista agia impune.

Com todo o respeito, permito-me responder ao Sumo Pontífice: Deus estava onde sempre esteve, esperando que os homens assumissem o seu dever.

Monday, June 19, 2006

Mais que mil palavras...

Thursday, June 15, 2006

A mentira da segurança.

Uma mentira chamada "Segurança".”
(Caio Fábio)

Segurança é o que todo ser humano quer!
Entretanto, nem todos pensam em segurança com as mesmas categorias de conteúdo.
Há aqueles, por exemplo, para quem segurança significa muito dinheiro, ou um emprego estável, ou um bom plano de saúde, ou uma herança certa e farta, ou muita saúde, ou não perder o marido provedor, ou ter uma casa própria, ou conseguir pagar pela educação formal dos filhos, ou ter uma família, etc...
Por outro lado, há aqueles para os quais segurança é estar do lado forte nas disputas de poder, ou possuir poder de sedução, ou ter a certeza de que se é desejado, ou a sutileza de “pular a cerca” sem deixar indícios, ou conseguir fazer o errado sem ser apanhado —; permanecendo “em off” na vida, assim como se fossem apenas a “fonte secreta” de um jornalista honesto com as pessoas e com a profissão.
Assim, sejam boas ou más as razões pelas quais as pessoas buscam segurança, o fato é que quase tudo ao que se chama segurança, não é segurança, sendo, estranha e paradoxalmente, exatamente o seu oposto manifesto com as mascaras da segurança.
Segurança, de fato, não inclui nenhuma das coisas acima. A verdadeira segurança é fruto da paz de se saber amado, e, portanto, da satisfação de se ser quem é. Isto porque essa certeza de ser amado vem de uma dimensão do ser que existe de modo muito mais anterior do que tudo aquilo que, cegamente, chamamos de “vida”.
Segurança, portanto, em sua qualidade mais essencial, é o fruto da confiança no cuidado e na bondade de Deus para conosco; mesmo quando dói. Sim, porque, em tal caso, a certeza do amor de Deus por nós imediatamente nos remete para outra certeza, e que o faz dizer: “Dói; eu não entendo esse caminho; mas sei que Quem o conduz, sempre faz tudo visando o bem de meu ser que é; e que há de permanecer para sempre!”
Portanto, sem certeza do amor que é; do amor de Deus — nenhuma confiança jamais nascerá de nós para Deus. É porque Ele nos ama, e age em nosso favor, que respondemos a Ele, quando respondemos, em amor e confiança também. Ora, nossa resposta em amor ao amor de Deus se manifesta como obediência natural ao único mandamento, que é amor ao próximo.
Assim, nossa confiança no amor de Deus se desenvolve na pratica do amor ao próximo, visto que este passa a ser o meu altar de culto a Deus.
Crescidos em amor ao próximo, em razão do amor de Deus em nós, experimentamos confiança crescente; e ela, a confiança, nos faz habitar aquele lugar que alguns homens, desde há milênios, aprenderam poeticamente a chamar de “refugio bem presente na tribulação”; ou ainda de “sombra do Altíssimo”; ou mesmo de “minha fortaleza”; ou de “minha luz e minha salvação”.
Segurança, assim, não é uma condição de vida na terra, mensurável, e fruto de contas e de investimentos que nos dêem alguma “previsibilidade”; isto se o coração não parar sem dar qualquer explicação.
Entretanto, segurança também não é licença para correr riscos. Digo isto porque há pessoas que pensam que certos indivíduos dispostos a qualquer risco, são seguros de si. Na realidade não há ninguém tão inseguro quanto esse suposto ser “seguro de si”.
Na maioria esmagadora das vezes, salvo em casos de natureza psico-patológica, esses seres “seguros de si” são apenas gente sem um mínimo de amor por eles próprios; e, por essa mesma razão, são também inafetivos. Pois as pessoas que se amam e que amam, não procuram riscos; apenas os enfrentam quando não acham meios de evitá-los.
O ser verdadeiramente seguro evita o risco quando o vê. O homem seguro não teme, mas não busca o perigo e nem ama o risco. O homem seguro ama a paz. Afinal, ele próprio é filho da paz.
Assim, se você algum dia vir alguém que não teme nada, que faz tudo o que lhe vem à cabeça, que diz ter prazer nos riscos, que se entrega ao perigo como um homem bomba — saiba: bem diante de você está a pessoa mais insegura que você já conheceu. E meu conselho é: fique longe dela, pois essa suposta valentia atrairá toda sorte de coisa ruim para a vizinhança de sua alma.
O ser seguro apenas é; pois ele sabe que é Sabido em Deus. Por esta razão ele descansa. E é desse descanso confiante e aninhado em Deus que vem a inabalabilidade desse ser humano que anda em seu caminho de fé.
O ser seguro sabe que o que é dele, está guardado. Sabe que o que é seu, ninguém tira. Sabe que tudo segue a lei da vida quando se anda em confiança e amor. Sabe que seu sustento jamais faltará. Sabe que nada vale mais do que buscar o reino de Deus antes de tudo. Sabe que todo diabo cai do céu quando em seu coração o ódio, o rancor ou a amargura, dão lugar ao perdão ao próximo; qualquer próximo, até o inimigo.
E mais: Tal pessoa sabe que Aquele que veste lírios e alimenta pardais, o ama ainda mais. Sabe que muito mais que saber, o que importa é ser; pois no ser há um saber, ainda que, muitas vezes, não saiba de si mesmo.
Ora, essa pessoa também sabe que todo saber que não vire ser, nada é; visto que um saber que não gera vida, é um saber para a morte; pois, no mínimo, vira presunção: e nada mata mais a alma que a presunção; visto que a impede de crescer.
A presunção é a sombra que impede o sol de fazer crescer qualquer que seja a semente boa no espírito humano. Porém, à sombra da presunção crescem aquelas coisas que geram o fruto da insegurança, que são avareza, idolatria, materialismo, narcisismo, infidelidade, e espírito de inafetividade; e, por extensão, suicídio.
Hoje, eu, você e o mundo inteiro, estamos existindo sob o “signo da insegurança”. E nada há mais desgracadamente mortal do que isto!
É em razão de tanta insegurança, indo do plano macro-político-planetário às decisões de natureza afetiva que fazemos decisões de morte. Olhar para as nossas próprias decisões nos possibilita ver que na maioria das vezes escolhemos a segurança-insegura como refúgio e auto-engano; embora, entre nós, tal insegurança se disfarce sob o manto da “segurança de si”.
Assim, a maior insegurança de um homem é sempre confessada como sua segurança!
Desse modo o Evangelho tira o que se esconde dentro de nossa casa, e o expõe gritando seu nome da varanda da alma; e diz: “O que você chama de minha Segurança ou de meu Sucesso, de fato é a sua mais profunda insegurança; pois um homem seguro, em Deus, não conhece segurança e nem sucesso, mas apenas alegria confiante; e isto no dia bom e também no dia mal.”

Nele, que é nossa Única e Real Segurança,

Monday, June 12, 2006

Me falta ignorância...

A sabedoria do não-saber.
(Caio Fábio)


Meditar em Tiago 3
Quem conhece a sua ignorância mostra que discerniu a mais alta sabedoria.
Quem não enxerga a própria ignorância existe sempre nas profundezas das auto-fantasias.
Aquele, porém, que conhece a ilusão como ilusão não é engolido pela fantasia que pensa ser realidade.
Aquele que reconhece a sua ignorância se torna sábio.
Aquele que se torna sábio cresce na consciência do não-saber, e isto o guarda de toda a ilusão.
Que adianta acabar com grandes ódios, quando ficam amarguras?
Há remédio para isto?
Queres saber a resposta?
É muito simples: Faz a tua parte de todo o teu coração, e vive esquecido de teus direitos.
Quem se deixa conduzir pela consciência límpida, esse vai perdendo a noção de direito, e, assim, em sua alma cresce a paz, e dele emana justiça e bondade.
Deus não tem preferidos entre os homens, mas não há dúvida de que no olhar dos simples se vê o Seu amor.
Há algum sábio entre nós?
Se há, que o mostre mediante espírito de moderação, bondade, misericórdia, e justiça. E que esse ande certo de não levar na alma nenhuma inveja amargurada e espírito faccioso, pois, sobre tais fundamentos existenciais, somente cresce a sabedoria temporal, animal e demoníaca.
A sabedoria que vem do alto é pura, indulgente, misericordiosa, pacifica, tratável, amiga, justa, imparcial, e não fingida.
O verdadeiro sábio não leva amargura, inveja, e espírito de divisão em sua alma. Mas a sábio da morte chama a sua malandragem de inteligência, a sua astúcia de conhecimento, e suas maquinações de precaução.
Na casa do sábio da morte há toda sorte de divisão e de coisas ruins. E sua alma é morada da morte.
Pense nisto!

12 de junho...



Ah, o amor...

Saturday, June 03, 2006

Latim...

Algumas expressões em latim:

Ab imo pectore.
Do fundo do peito.

Abyssus abyssum invocat.
Um abismo chama outro abismo - Uma desgraça nunca vem só.

Ad perpetuam rei memoriam.
Para eterna lembrança do fato.

Amicus Plato, sed magis amica veritas.
Platão é meu amigo; a verdade, porém, é minha melhor amiga.

Aquila non capit muscas.
A águia não apanha moscas.

Consummatum est.
Acabou-se.

Cornu bos capitur, voce ligatur homo.
O boi se pega pelo chifre, o homem pela palavra.

Corruptio optimi pessima.
A corrupção do ótimo é pessima - O bom, quando se perverte, torna-se péssimo.

Dormentibus ossa.
Aos que dormem, ossos - Aos que chegam tarde, o resto.

Dum tacent, clamant.
Quando silenciam, falam alto - o silêncio fala alto.

Eadem per eadem.
Pagar na mesma moeda.

Errando discitur.
É errando que se aprende.

Est modus in rebus.
Existe medida nas coisas.

Gladiator in arena consilium capit.
O gladiador delibera na arena - o tempo e a ocasião mostram o que se deve fazer.

Manus manum lavat.
Uma mão lava a outra.

Mater artium necssitas.
A necessidade é a mãe das artes.

Medice, cura te ipsum.
Médico, cura-te a ti mesmo.

Alma perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

(Florbela Espanca, O Livro das Mágoas)

Vae victis

A Dor meu coração torça e retorça
E me retalhe como se retalhe
Para escárnio e alegria da canalha
Um leão vencido que perdeu a força!

Sobre mim caia essa vingança corsa,
Já que perdi a última batalha!
E, enquanto o Tédio a carne me trabalha,
A Dor meu coração torça e retorça!

Cubra-me o corpo a podridão dos trapos!
Os vibriões, os vermes vis, os sapos
Encontrem nele pábulo eviterno...

- Repositório de milhões de miasmas
Onde se fartem todos os fantasmas.
Primavera, verão, outono, inverno!

(fonte: http://www.biblio.com.br/Templates/AugustodosAnjos/vaevictis.htm)

Aos Juristas...

"Estudar direito é, assim, uma atividade difícil,
que exige não só acuidade, inteligência,
preparo, mas também encantamento,
intuição, espontaneidade.

Estudá-lo sem paixão é como sorver
um vinho precioso apenas para saciar a sede.

Mas estudá-lo sem interesse pelo seu
domínio técnico, seus conceitos, seus princípios,
é inebriar-se numa fantasia inconseqüente.

Isto exige, pois, precisão e rigor científico, mas também,
abertura para o humano, para a história, para o social,
numa forma combinada que a sabedoria oriental,
desde os romanos, vem esculpindo como uma
obra sempre por acabar."

(JR, Tércio Sampaio Ferraz.
Introdução ao Estudo do Direito, 25 p.)