Graça.
Um poema de Gregório de Narek - 944-1010 dC., monge e poeta armênio.
Numerosas são as minhas ofensas e ultrapassam toda a conta,
mas nem por isso tão espantosas como a tua misericórdia.
Múltiplos os meus pecados,
mas sempre diminutos, comparados com o teu perdão.
Quem poderá lançar a treva
sobre a tua luz divina?
Poderá uma reduzida obscuridade
rivalizar com os teus raios, grande como és?
Poderá a concupiscência do meu frágil corpo
ser comparada com a Paixão da tua Cruz?
O que serão aos olhos da tua bondade,
Deus Onipotente, os pecados de todo o universo?
São como uma bolha de água que,
à queda da tua chuva abundante, logo desaparece.
Tu fazes brilhar o sol sobre os justos e os pecadores
e chover sobre todos indistintamente.
Uns vivem em grande paz,
na expectativa da recompensa;
Mas, àqueles que preferiram a terra,
perdoas-lhes por misericórdia,
E dá-lhes, como aos primeiros, um remédio de vida,
esperando sempre que a Ti regressem.
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