Mário Quintana.
Linha Curva
O caminho mais agradável entre dois pontos.
Linha Reta
Linha sem imaginação.
Melancolia
Maneira romântica de ficar triste.
Ao Pé da Letra
Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.
Vento
Pastor das nuvens.
Educação
O mais difícil, mesmo, é a arte de desler.
Os Crocodilos
Pior, mas muito pior mesmo do que as lágrimas de crocodilo são os sorrisos de crocodilo.
Agressões
O ataque de uma borboleta agrada mais do que todos os beijos de um cavalo.
As Indagações
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
Dupla Delícia
O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.
[Mario Quintana; Da preguiça como método de trabalho, 1987]
Busca
Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí...
Quanto filhotinho de estrela atirado no lixo!
[Mario Quintana; Poesia Completa: Poemas para a Infância, 2005]
"..."
Uma formiguinha atravessa, em diagonal, a página ainda em branco. Mas ele, naquela noite, não escreveu nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o mistério da vida...
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas..."
Voa um par de andorinhas, fazendo verão.
E vem uma vontade de rasgar velhas cartas,
velhos poemas, velhas contas recebidas.
Vontade de mudar de camisa,
por fora e por dentro... vontade...
Para quê esse pudor de certas palavras?
Vontade de amar, simplesmente.
[Sapato Florido, 1948]
"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso."
Leituras 2
Não, não te recomendo a leitura de Joaquim Manuel de Macedo ou de José de Alencar . Que idéia foi essa do teu professor?
Para que havias tu de os ler, se tua avozinha já os leu? E todas as lágrimas que ela chorou, quando era moça como tu, pelos amores de Ceci e da Moreninha, ficaram fazendo parte do teu ser, para sempre.
Como vês, minha filha, a hereditariedade nos poupa muito trabalho.
[in: Caderno H, Editora Globo - Porto Alegre, 1973]
Em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?
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