Dia do nascimento.
O dia do meu nascimento.
(Ricardo Gondim)
Quando nascerei? Sinto que mesmo
depois de saber-me sábio, seguro, satisfeito,
ainda não nasci, não me
descobri e não me assenhorei desse que
me disseram que sou.
Quando nascerei? Se não sei
sentir o sofrer universal,
não consegui despir as vestes
que dissimulam meu descompromisso
de sarar
a doença do próximo. Não sei
se saberei quando nascer
para a sagrada missão
de ser encarnação passional do céu.
Quando nascerei? Não sei!
Reconheço minha sina;
permanecerei semente
sempre prestes a surgir;
texto a espera de ser escrito;
tecido sem o tecer do tecelão;
sou sal dissolvido, flor sem seiva;
sou mera suposição;
semelhança inconsistente.
Não aconteço.
Sou hesitação simples;
minha constância se estabelece
somente no anseio de sair
de meu cerco solitário.
Quando nascerei? Preciso da Graça.
Essa imensa força que des-sufoca
o coração da necessidade de impressionar.
Suplico que Ele me esmaeça
da falsa potência
desse pretenso messias
que penso ser.
Quando nascerei? Espero,
apenas espero.
Não apresso processos.
Sigo minha senda sem me sufocar;
satisfeito e sem aflição.
Sei que sou de Deus.
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